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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
sábado, 8 de dezembro de 2012
Realismo Memórias Póstumas de Brás Cubas?
É como se Brás Cubas, personagem-título, fosse a síntese daquilo que era socialmente apreendido pelo autor, sobretudo, em sua convivência com pessoas das classes mais altas.
O romance é narrado em primeira pessoa por um defunto-autor, e não por um autor-defunto como ele faz questão de frisar, com o objetivo de convencer o leitor que o fato de ser uma obra póstuma, torna sua narrativa absolutamente confiável, já que, um morto não necessita distorcer os fatos. Mas, um burguês brasileiro não é confiável nem depois de morto.
Isso fica evidente em algumas partes da narrativa. Como, por exemplo, no episódio do seu enterro, onde ele procura mascarar sua insignificância justificando que o fato de haver poucas pessoas no seu cortejo era em decorrência de muitos não terem sido avisados e/ou por causa do mau tempo.
Basicamente, o livro relata a história de um sujeito que não conseguiu fazer realmente nada de significativo na vida. Contudo, não é a vida insípida da personagem principal que torna o romance fascinante, mas o modo como essa história é contada.
O autor usa a ironia como principal recurso para trazer à tona padrões de comportamento característicos da sociedade brasileira, especialmente, da elite dominante que queria se mostrar moderna, adotando, no discurso, idéias e postura européias, mas defendendo, na prática, a manutenção de um sistema retrógrado.
Assim, as relações de Cubas com outras personagens revelam dissimulação, jogo de interesses, um desejo sempre presente de se dar bem, ainda que lançando mão de estratagemas nada éticos.
Brás Cubas é o típico burguês brasileiro. Se na obra machadiana, de modo geral, percebemos uma visão do homem, no sentido universal, destituída de otimismo, em Memórias póstumas é como se ele tivesse nos dizendo que, se esse homem fosse um burguês brasileiro, poderia ser ainda pior.
O cinismo com o qual o personagem conduz sua vida, e que faz questão de deixar claro na narrativa, evidencia que nada pode afetar profundamente àqueles que não dependem do seu suor para comer, ainda que todos os seus empreendimentos fossem frustrados.
A mais terrível das tragédias, para a burguesia nacional, seria depender do próprio trabalho para sua sobrevivência.
Daí o protagonista do romance poder afirmar, depois de listar seus fracassos, que “coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto.”
Embora Machado de Assis construa seu personagem considerando um contexto cultural específico, deixa claro que as causas da miséria humana não estão circunscritas a uma cultura ou circunstância histórica.
A miserabilidade é inerente a condição humana, é o que o autor deseja demonstrar em sua última negativa: “não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”.
Todavia, parece que a acentuação dos vícios ou das virtudes, que torna a vida mais ou menos miserável, pode depender da estrutura social de cada sociedade.
O livro não aponta caminho algum, a não ser o da aceitação da existência com tudo que isto implica. Se tiveres a sorte de nascer burguês, tanto melhor, antes ser Brás Cubas do que ser Dona Plácida, que sempre teve que trabalhar para comer.
Entretanto, apesar de todo ceticismo que o autor revela por meio da postura do protagonista diante da vida, no modo como ele escreve parece haver uma indicação daquilo que, para ele, pode ser a nossa única forma de salvação: o senso de humor.
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Foco Narrativo
Personagens Principais Memórias Póstumas de Brás Cubas
BRÁS CUBAS – filho abastado da família Cubas, é o narrador do livro; conta suas memórias, escritas após a morte, e nessa condição é o responsável pela caracterização de todos os demais personagens.
MARCELA – amor da adolescência de Brás.
EUGÊNIA – a “flor da moita”, nas palavras de Brás, já que era filha de um casal que ele havia flagrado, quando criança, namorando atrás de uma moita; o protagonista se interessa por ela, mas não se dispõe a levar adiante um romance, porque a garota era coxa.
NHÃ LO LÓ – última possibilidade de casamento para Brás Cubas, moça simples, que morre de febre amarela aos 19 anos.
VIRGÍLIA – grande amor de Brás Cubas,
sobrinha de ministro, e a quem o pai do protagonista via como grande
possibilidade de acesso, para o filho, ao mundo da política nacional.
Resumo do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas
O livro é narrado em primeira pessoa, onde o autor é Brás-Cubas, que já morreu e começa a relatar sua autobiografia. Após uma dedicatória nada convencional, ele começa a relatar suas experiências de vida, iniciando pelo seu funeral e pela causa de sua morte, uma pneumonia adquirida enquanto desenvolvia o “emplasto Brás Cubas”, uma invenção que o garantiria a glória entre os homens.
Machado de Assis
Nascido em 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro, Joaquim Maria Machado de Assis foi o escritor visto como o nome mais importante da literatura brasileira. Ele não se limitava apenas a um gênero, escrevendo em praticamente todos eles. Foi uma testemunha da transição entre Império e República no Brasil, o que serviu de inspiração para comentar e relatar grandes eventos políticos e sociais que ocorreram naquela época.
Deixou uma obra bastante extensa, com mais de 600 crônicas, 200 contos, 9 romances e 5 coletâneas de sonetos e poemas. Foi tão importante para a literatura nacional que é considerado o introdutor do Realismo no país, justamente por conta da publicação de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.
Filosofia de Vida Memórias Póstumas
Ultima cena, Virgilia diante de Brás Cubas falecendo em silêncio, delirando e apenas uma conclusão, ele não conseguiu ser ministro, ter seu filho, viver um grande amor, ou até mesmo criar o emplasto. Mas com o leve saldo positivo por não ter deixado a sua descendência a miséria.
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